Congelado vivo

Gelo, meu corpo é um gelo

O frio rasga minhas veias

como uma faca afiada

meu sangue coagula

formando uma massa rubra

minha pele arroxeada

cópia fiel de um morto

gelo, gelo...

frio, excessivamente frio

abaixo do abaixo de zero...

será que morri?

e o outro lado é apenas isso

um imenso e eterno frio

Gelo, frio, desespero...

não há fogo do inferno

nem o cálido do céu

apenas a face gélida da morte?

O que resta?

apenas esperar respostas

e ir congelando

gradativamente...

até que a saliva se transforme

em pedras de gelo

sufocando minha boca

calando-me...

até que meu cérebro se

transforme num disforme sorvete

congelando a última parte de mim

que ainda resiste...

frio... frio.. frio...

gelo... gelo.. gelo...

... ... ... ...

Roberto Bordin
Enviado por Roberto Bordin em 01/11/2008
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