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Estou ferido esta noite
de novo nas idéias insanas
e casas desmoronam a meu toque
porque tenho o poder de destruir
mas nunca o de edificar,
minha coroa de ouro perecível
veste bem meu epicentro das dores,
teu amor poderia ser toda a cura
para estes vendavais malévolos,
estou machucado nas frágeis lembranças
e quando a paisagem se desfigura
não há mais preces para o corpo trágico.
Até mesmo andei pelas horas
em que vi noites de esperança calarem seu grito
voz da minha mãe! voz da minha amada!
Quero um único minuto sozinho
sem revoluções, cadáveres expostos, filantropia barata
sem desertos para atravessar, sem mundo civilizado,
sem sonho.
Estou ferido de uma agonia peculiar
esta mesma que me afrontou muitas vezes
que mistura confraternização e morte
verdade e desesperança,
na rua vejo o homem idoso
noventa anos
o espectro funesto da despedida lhe ronda
seus pés gastos e sua roupa inútil lhe dizem
que o tempo acabou
a vida acabou,
eu queria um delírio, uma hora inteira
do sentimento estranhamente presente
que chamam paz,
paz agora.