Ultima decisão
Hora de partir!
Não deixarei afetos;
Da-los-ei aos mortos e insensatos.
Não deixarei sonhos;
Distribui-los-ei aos vagabundos
Que já não têm os seus:
Miram o infinito céu
Como quem olha
A improdutiva mão afogada.
Não deixarei saudades;
Leva-las-ei comigo
Para chorar quando os lábios
Insistirem contra
A gravidade das coisas.
Não deixarei fotografias;
Rasga-las-ei como quem rompe
O véu da eternidade.
Serei halo da essência
Tépida e amena,
Tão impessoal
Quanto a pá que me sufoque.