PELA ÚLTIMA VEZ
Pela última vez
Neuza Maria Spínola
Com um nó apertado na garganta,
Não consigo ver mais o eterno amanhã.
Amei como se pra mim, isto não existisse,
Mas esta angústia que sufoca a cada manhã,
Um dia fez com que você partisse!
Não pensei que aquele último dia,
Fosse tão lindo e assim se acabaria;
Um vazio que surgiu tão depressa,
Dos beijos que se vão com as promessas,
Uma saudade que se vai e não regressa.
Não sei se esta angústia que se embrulha no amor,
E que agora precisaria conseguir viver sem teu calor,
Um dia desunisse os corações que guardei no teu peito,
Desferindo uma dor que te afastou do meu leito,
Mesmo sendo um amor assim, tão imperfeito.
Refeitos ontem, amanhã tudo desfeito,
Onde estará aquele eterno amor eleito?
Bastaria viver isto sem nenhum preconceito,
E ao amanhã deixar que Deus desse um jeito?
Roçando esperanças, de eternos arrependimentos,
Tendo ainda longe, os teus olhos tão ausentes,
Onde estarão os meus, se daí já não os sentes?
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