O fim da ilusão

Uma vez me disseram que confessar faz bem a alma...

Então porque toda minhas confissões só me fizeram chorar?

Quantas vezes confessei amar...

E, em troca, só recebi desilusão.

Máscaras rasgadas se esfacelaram em minhas mãos...

Máscaras usadas por alguém que ajudei a salvar...

Jogo-as na pira funerária do amar,

Antes de partir rumo ao incerto,

Aonde o vento for me levar...

O fim da ilusão é tão certo,

Embora tão lento...

Se soubesse que confissão seria tormento,

Passaria a verdade ignorar...?

Não...

Não sou assim, felizmente.

Te amei sinceramente,

Com teus defeitos e qualidades...

Mas quer seja por desamor ou vaidade,

Decidistes me deixar...

E eu fico aqui a pensar...

Rasgo ou escrevo meus pensamentos?

Decido escrevê-los,

Registra-los...

Pois quem sabe um dia,

Quando não mais puderes me alcançar,

Percebas e sinta ao menos um décimo da dor que me rói...

E entenda, tarde demais, que é assim que se destrói

O amor mais puro e sincero que alguém pôde te dar...

E nessa hora, meu bem, será tarde...

Não estarei mais nesta cidade,

Terei outra vida, outros sonhos e

Quem sabe, um novo amor...

Eu te perdôo, mas por favor...

Não mais me procura.

Não vem te lamentar.

Abriste mão de um amor que te deixava livre,

Que não te castrava...

Eu entendia teus silêncios,

Te respeitava...

De minha boca jamais ouvistes nenhuma acusação.

Tentei te erguer, te ajudar...

Mas trocastes meus afagos por fria bajulação.

Ah, tola vaidade...

Preferir o que é belo e fácil, mas sem qualidade,

Pois por um falso amor não se precisa lutar...

Amor verdadeiro é planta difícil de cuidar...

Requer regas constantes,

Conversas sinceras,

Podas suaves para suas forças renovar...

Mas se trocastes um amor real por um que irá te descartar...

Sinto muito...Por ti lamento...

Por um segundo...Antes de sentir o vento...

O vento gelado da desilusão

Que, aos poucos,

De meu peito este amor irá apagar.