Castanho
Castanho
Não tenho bagagem
Reserva ou passagem
Embarco desnudo
Mas levo de um tudo
Sentimentos de uma vida
Na beleza dessa cor
Atravesso a pupila
Viagem de amor
Encanto com a leveza do átrio na imensidão anterior
Passada a pupila alegro meu peito. Mais próximo estou.
Castanho
Menina delicada com olhos carentes
Tão frios... tão quentes
Pedindo consolo a um vil compositor
Que chora por dentro não ter tanto amor
Ou se tem, não dispor
Não poder consolar esses olhos tão vivos
De menina carente
Que chora e que sente
Será puro amor?
O castanho me envolve, rumo ao cristalino
Esse cristal do mais fino
Que passo a cada passo
A pensar em quem sou
Na fóvea central, vejo a artéria e a veia
Meu peito anseia
Será esse o canal?
Corro então, decidido
Atravesso o disco
Penetro em seu sangue
Lembro: os olhos castanhos!
O engano é tamanho
O duto escolhido
Que desilusão!
Levou-me ao cérebro
Não ao coração.