Obscura

Nenhuma cor no céu do paraíso,

nenhuma lágrima na face do derrotado,

nenhum sonho realizado para aquele que sucumbiu ao mal que habitava o vale enevoado do próprio coração.

No orgasmo do anjo decadente a paixão que esgota- se enquanto o resto de sua dignidade desmorona,

através de seus olhos o vislumbre de alguém que ainda aguarda

o momento em que tudo terá então um fim.

No caminho entrecortado de fantasmas

o enfrentamento inevitável dos sentimentos negativos,

uma nova marca nos pulsos do condenado,

uma nova vida a ser preenchida com minutos finais de tédio e medo

antes do precoce destino.

A oração que aparece quase insconsciente

na fé racional e pútrida que pouco venera aquele a quem suplica,

no fim do caminho nenhuma luz no fim do túnel,

apenas a escuridão que cresce tomando o horizonte.