Dois dias...
Olá! Como vão, caneta e papel?
De novo não há azul no céu...
O dia passou e como demorou...
Quanto à dor, acreditem... Piorou...
Procuro não pensar em nada...
Minha vida se transformou em nada...
Tentei resistir, mas estou doente...
Tenho febre pouca, mas persistente...
A ninguém hoje deixei ouvir a minha voz...
Estou calado, fui amordaçado atroz...
Ainda não faço idéia porque esse desastre...
A razão enterrada só sairá através de guindaste...
A vida eu sei, continua, mas sem sabor...
Preciso viajar... Correr atrás do meu valor...
Tenho medo de onde estou neste mundo...
Creio estar enlameado num abismo profundo...
Vi agora que choveu do céu um pouco...
Meu anjo da guarda chorando como um louco...
Não consigo o mesmo, sinto-me vazio...
Estou coberto, mas Deus, que triste frio...
Tive sonhos durante meu sono curto,
Dava queixa a Deus de um furto...
Pedia que me devolvessem meu amor,
Mas acordei sem tê-lo reavido desse horror...
Sinto-me um condenado, porém inocente...
Teu rosto a cela que cerra minha mente...
A solidão hoje veio me fazer companhia...
Tentei explicar e dizer que não a queria...
Por instantes abri a caixa dos meus medos
Remexi tentando achar um pior entre meus dedos...
Mas não, o maior ainda está vivo aqui fora...
Parece um monstro faminto por dor sem demora...
O sonho em que ouvi que nunca seria abandonado
Hoje é o maior pesadelo que já tive acordado...
Meu quarto de castelo do amor se tornou
Em masmorra na imagem solitária que o espelho mostrou...
De repente o perfume que havia no ar
Se foi e percebo veneno me dado à inalar...
Espero amanhã viver para poder escrever
Que o sol veio solidário me ver...
24/07/2001