Um dia depois...
Agora o relógio acusa... Faz um dia...
Um conjunto de horas de esperança vazia...
O silêncio dentro de mim impede-me chorar,
Meu ser tácito não consegue sequer falar...
Mentiras, traição, falsidade e estultícia...
Armas usadas para matar minha letícia...
Sinto uma dor forte e não vejo sangue,
Dói meu coração que se torna exangue...
Sinto um punhal em cada palmo de mim...
Cada um traz inscrito a palavra fim...
Desta vez foi realmente muito diferente...
Assassinado foi meu passado, futuro e presente...
Não há ninguém de novo ao meu lado...
Sem um amigo, sem ninguém... Abandonado...
Parece-me mais cruel que a lenta morte
Porque não posso morrer, preciso ser forte...
O céu respeitou meu luto neste fim de tarde,
Trouxe a noite negra e triste sem alarde...
Os que me cercam preferem não me olhar...
Não resistirão ao pranto, irão me desesperar...
A personagem mercenária autora do delito
Me vem na mente, sofro porém não evito...
Meu pensamento busca uma fuga imediata,
Geográfica ou de mundo, longe dessa ingrata...
Quem semeia ventos colhe tempestade...
O que aconteceu com essa verdade?
Semeei flores, carinho de denso amor...
Colhi frio, solidão, decepção e dor...
O que me destrói o ânimo é saber
Da premeditação do ato de me vender...
Ser pisado, xingado, humilhado e traído...
Tudo menos isso podia ter acontecido...
Que eu digo de quem é esse ser?
Julguei numa explosão de mágoa saber...
Não acredito que exista uma definição,
Inexiste um adjetivo que traduza solução...
Meu luto pede silêncio, afinal sou o morto...
Guardo o papel, a caneta e fico absorto...
Vou fechar a porta, as janelas, apagar a luz...
Vou dobrar meus joelhos, clamar a Jesus...
23/07/2001