O MISERÁVEL
As dores de um coração frio,
Sem sonhos e esperanças
É a mesma dum estômago vazio
Cuja fome só traz más lembranças
Os olhos olham adiante
E só vêem uma estrada deserta
Como se o futuro infelizmente
Fosse uma refeição indigesta
E assim dias e noites a fio
A tocar as horas como numa dança
Vivesse a saltar no meio-fio
E a brincar com a vida feito criança
Pois o destino lhe é indiferente
Já que o amanhã é hora incerta
Pode ser que vire presente
Ou faz da morte uma coisa certa