FERIMENTOS
Não há metáforas que amenizem abstrações concretas;
O tiro certo em vítimas incertas castiga sempre a inocência;
Quando o algoz pede clemência, dragões entram por frestas;
E a infelicidade promove festas pra ludibriar suas demências!
Se a preferência do fardo recorre a ombros combalidos;
Nega-se apontar sentidos ainda que existam direções;
Quando fraturas aterrorizam emoções, até os curativos ficam feridos;
Quando as vindas são os destinos idos, a fé cultua as incredulações!
Porque nas solidões também existem profusões desérticas;
E as paixões domésticas também massacram suas crises nas calçadas;
Justo no afã de carências fartas, a febre engana as sensações térmicas;
E nas transpirações epidérmicas suas desesperanças dão as cartas!
Porque falar de cura é coisa fácil pra quem vive adoentado;
Mas o sonho desenganado não abdica da fascinação;
Diz pro meu coração que tudo que sonhou agora é só passado;
Pois quando estiver acordado será mais fácil criar nova desilusão!