FERIMENTOS

Não há metáforas que amenizem abstrações concretas;

O tiro certo em vítimas incertas castiga sempre a inocência;

Quando o algoz pede clemência, dragões entram por frestas;

E a infelicidade promove festas pra ludibriar suas demências!

Se a preferência do fardo recorre a ombros combalidos;

Nega-se apontar sentidos ainda que existam direções;

Quando fraturas aterrorizam emoções, até os curativos ficam feridos;

Quando as vindas são os destinos idos, a fé cultua as incredulações!

Porque nas solidões também existem profusões desérticas;

E as paixões domésticas também massacram suas crises nas calçadas;

Justo no afã de carências fartas, a febre engana as sensações térmicas;

E nas transpirações epidérmicas suas desesperanças dão as cartas!

Porque falar de cura é coisa fácil pra quem vive adoentado;

Mas o sonho desenganado não abdica da fascinação;

Diz pro meu coração que tudo que sonhou agora é só passado;

Pois quando estiver acordado será mais fácil criar nova desilusão!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 10/10/2008
Código do texto: T1221420
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