SINA DE POETA

Triste sorte a do poeta

Que embala sonhos

Criam vidas

Embalando sua morte

Com o canto

Que sangra

De seu próprio desencanto.

Triste sorte a do poeta

Que a todos seduz

E causa suspiros

Em muitos

E causa arrepios

Na multidão

Enquanto se extingue

Mostrando em palavras

Aquilo que não desejava sentir

Gritando em palavras

Falando em soluços

Que ninguém jamais lerá.

Triste sorte a do poeta

Que tece em versos

Novos mundos

E belos sonhos

Sonhos impossíveis

Estórias irreais

Com os fragmentos

De sua própria ilusão.

Triste sorte a do poeta

Que outras vidas ilumina

Com sua arte e ofício

Enquanto em chama

Consome-se

Feito fogos de artifício

Comemorando sua perda

Perda do sentido

Quando não se tem forças

Demonstra em versos sua dor

Triste sorte do poeta

Grande criador de alegria

Símbolo de amor

Fonte de paixões

Porém ao vê-la como mera ilusão

Sentença de morte

Porém inicio da criação

Surgimento de diversas poesias

Triste fim do poeta

É preciso criar tua tristeza

Para corações alegrar

É preciso morrer

E na certeza que nada irá mudar

Demonstra sua ilusão em poesias

Obras primas de teu sofrimento

Origem da alegria dos demais

Triste fim do poeta

Mestre em amor

Porém nunca os viveu

Quando pensa estar vivendo um amor

Tem uma triste descoberta

Este amor morreu.