Secura

Teus braços, não se abrem

mais para mim,

teu corpo não mais me recebe.

No aconchego do teu colo,

já não gozo mais assim.

O desdém, com o qual agora

nos tratamos,

aos poucos nos envolveu,

virou mutismo, virou ruindade;

jardim que se esqueceu.

Somos agora, a mesma secura

que incomoda,

a mesma palavra não dita,

a maldita hora do amor

em que a ternura não acomoda.

E o pior de tudo isso,

é o que não é falado.

Não se olha mais nos olhos,

como antes era olhado.

Nenhuma palavra amiga

chega prá nos consolar.

Que tristeza, que penúria,

temos nós, que suportar !