Poesia Frustrada

Carecer de vida, de encantos, de amores

Carecer de tudo: de riso e de dores

Ser apenas um corpo, um corpo sem alma

Que em esforços olímpicos faz tudo: pra nada

Ver-se diante de mil tarefas: inapto

Sentir-se sempre no quase,nunca de fato

Alimentar-se d’uma esperança triste, cega

Que nunca vê resultado; dilacera

Transpor-se sempre em realidades mui distintas

Imaginar-se numa Divina Comédia

Que nem Dante escreveria

Ouvir ao final de cada ato: “triste não sintas”

Desespero, solidão, querer, querer

Ter no peito a certeza de que nunca chegara a ser

Isaac Porto
Enviado por Isaac Porto em 28/09/2008
Código do texto: T1201403
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