Poesia Frustrada
Carecer de vida, de encantos, de amores
Carecer de tudo: de riso e de dores
Ser apenas um corpo, um corpo sem alma
Que em esforços olímpicos faz tudo: pra nada
Ver-se diante de mil tarefas: inapto
Sentir-se sempre no quase,nunca de fato
Alimentar-se d’uma esperança triste, cega
Que nunca vê resultado; dilacera
Transpor-se sempre em realidades mui distintas
Imaginar-se numa Divina Comédia
Que nem Dante escreveria
Ouvir ao final de cada ato: “triste não sintas”
Desespero, solidão, querer, querer
Ter no peito a certeza de que nunca chegara a ser