Piton

Numa mistura de silabas vulgares

Vou contar-te minhas aflições.

Vivo perdida nas noites e lugares

Longe de quaisquer conciliações.

Vivo num ambiente abafado

Com cheiro de cigarros velhos.

Vendo meu corpo mal tratado

Aos que a mim parecem apenas ecos.

O corpo sofre no paraíso

A mente regozija no inferno.

Imagino-me ardendo e caindo

No meio de um sofrimento eterno.

Nas malícias da vida fui fundo,

Vendida para o que não sabia.

Impedia de sair deste mundo,

Que nem Dante compreenderia.

Se pudesse pedir-te um desejo

Pediria uma vida vazia.

Quisera cuspir meu veneno,

Escarrar sobre a terra vadia.

Hoje sofro sozinha e calada

Dia-dia o nojo me inunda

Sobre os bancos da vida, sentada

Submersa na vida imunda.

Silvana Bronze
Enviado por Silvana Bronze em 28/09/2008
Código do texto: T1201014
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