Romantismo - Doença terminal?
Partida ao meio,
Alquebrada...
Sentindo minha alma ser rasgada,
Pela ausência de retribuição...
Nuvem negra de depressão,
Se aproximando,
A trovejar...
Sentir dói,
A respiração é apertada...
Em minha garganta, estrangulada,
Se prende a ira e a frustração.
Porque de novo a desilusão?
O que eu fiz pra merecer isso?
Não fui paciente, solícita...
É...
Talvez por isso,
Tenha acontecido...
Me afogo em sal,
Sinto o gosto de fel...
Na boca que implorava por beijos teus.
Nem uma resposta,
Meu Deus...
Maldito o dia em que fui te encontrar!
Me destes asas para, depois,
Cortá-las...
As duas de uma só vez.
O sonho aos poucos se desfez...
Temia isso quando deixastes de me procurar.
"Nunca mais"
Murmurei, entre soluços...
"Nunca mais vou acreditar..."
Tu dizias me adorar...
Agora me deixas só,
Perdida em meio a tempestade.
Maldita dor!
Maldita falsidade!
Nunca mais acredito em ninguém...
Mas sei que isso é mentira, porém...
Parte da minha doença é acreditar.
Afinal, sofro de um caso incurável de romantismo...
E estou em fase terminal.
Não há cura para esse mal,
Que mata aos poucos, devagar...
E como não haveria de matar,
Se rouba a alegria e o viço?
É por isso...
Talvez, só por isso,
Que todo romântico incurável deveria ser encarcerado.
Ao menos até o coração ter parado
De sofrer e se curasse...
Ah, lembrei de algo terrível!
É uma doença sem cura,
Esse tal de romantismo...
Digo doença pois rouba o juízo,
A noção e a fome...
A gente esquece até do nome
De tudo que importava até outro dia.
Causa uma dor que ninguém suportaria,
Se não soubesse que é doença.
O paciente não fala,
Não pensa...
Pelos cantos, vive a chorar -
Ao menos até se curar -
Antes de recair...
Antes de novamente querer partir...
Antes de se despedaçar
De desistir...
Porque não há como lutar.
Não tem remédio,
Não tem cura...
É causado por coisas que a gente não procura
Mas teimam em nos encontrar.