NEM BEM IR, NEM BEM VOLTAR, NEM BEM... QUE SEI EU?

Tantos são os caminhos nesta vida e o grande engano é pensar que levam a lugares diversos. Na verdade, nossos pés descobrem muito cedo que aquele lindo quadro com uma bela estrada cor de ouro de terra limpinha terminando em curva sinuosa, existe para produzir sonhos e amortecer as trajetórias áridas de todas as vias que levam invariavelmente ao mesmo desencanto já que excluem a nossa verdadeira natureza e seus desígnios...

Nem bem estar,

nem bem dizer, ou mal...

quem diz já não sabe o que havia na fonte ,

quem não diz persiste no silêncio,

quem foi já não volta mais, eu fui?

E ele, gravita ao redor de sua inquietude,

seu medo, suas mortes provisórias ?

Se fiquei, sobrei de um cenário enganador...

agora o picadeiro vazio, a mente sem rumores,

a alma transparente,

uma alma de através...

alma sem agarradeiras para sonhos e projetos,

alma viajante e ávida de fortuidades...

Se fiquei, fui jogada ou simplesmente

despenquei na ventania varredora,

e sabendo-me parte da eternidade sem fim

do supremo desconhecimento,

sei que os pés me fazem e sempre fizeram andar em círculos

e as horas sempre me mentiram

de estar construindo uma história.

, Que historinha essa aonde o corpo e suas maravilhas

sempre foi relegado?

Aonde o prazer foi escasso e sem muitos encantos,

ah, encantos... eles me falam de algo perene,

que não se submete a formalidades,

inexplicável nas pobres palavras gastas!

De estremecimentos e olhares de dez mil anos,

da incandescência na pele, das mãos frias de expectativas...

... dos silêncios repletos, definitivos, do som da tua voz

nas minhas noites dizendo tudo...

se fui, se voltei, que importam tais movimentos

se meu mais profundo sentir sempre esteve no mesmo lugar

ou em lugar algum, simples flutuações em revérberas,

corpo e alma, eu mesma, unidade vibrante,

leito macio, promessas visíveis a olhos desejantes,

portas sem trancas, espelhos reveladores,

barco flutuante a mares acolhedores,

prestes a virar tempestade ao calor do teu abraço,

prestes a nascer sempre e novamente

ao toque de tuas mãos...

tatuada em delícias na ponta dos teus dedos,

forjada como metal incandescente em

sinuosas formas de prazer...

aberta ao dia como corola exuberante,

esta sou eu...

finalmente... sou...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 25/09/2008
Reeditado em 22/05/2011
Código do texto: T1196112
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