Enlutada

Não cabe mais no meu cotidiano.

Não serve para ouvir meu desabafo.

E nem merece lágrimas derramadas.

Rápido, veste sua roupa de insano

e já começa a procurar

nas mesas, nos bares, nas baladas,

alguém novo para amar.

Não sabe que até o relacionamento

tem o rito do luto quando termina.

Nem imagina que eu ainda lamento

a sua ausência

tanta incoerência

pura incompetência.

Não vê sangrar o meu ferimento

quando sinto seu cheiro

a falta do seu tempero

o pijama no roupeiro.

Caminho enlutada pelo meu interior

e posso expor a última cicatriz.

Mas rejeito uma nova dose de dor

e me equilibro na vida por um triz.