O ar do mar

Cai a noite cinza de inverno sobre o mar

De pé sobre as pedras,

Como um farol radiante,

Uma mulher de mármore

Espera por seu amante.

Os olhos fixos no mar.

Há apenas dois sons no ar:

Há ondas que batem nas pedras

E gaivotas que se convidam a dançar.

Da mesma forma

Seu coração a convida a esperar.

Na esperança de que ele

Não vá se demorar.

Se o cabelo bate ás costas

É porque já começa a ventar

Se o coração lhe aperta

É porque o tempo começa contar.

O tambor soa e a flauta toca.

Vem a escuridão.

Mas o amante não.

Então os olhos se fecham

Os punhos seram.

E sob o doce som do mar.

Ela deixa sua alma voar.

Voa com as gaivotas

Sob o céu que não é azul.

Voa, voa para lugar nenhum.

E deixa o vento lhe guiar.

Plana leve sobre o mar.

Mas quando se dá conta,

Ainda está parada no mesmo lugar.

A alma gela

E o coração pára

Mas ela continua a esperar

Na esperança inútil

De que um dia

Ele venha lhe buscar.