Vi um amor partindo
No vento frio da madrugada
Vi um cachorro dormindo
Faminto, resignado, na calçada
Vi os sonhos enrolados
Nas costas de um mendigo
Em seus passos lentos
Cruzando a velha estrada
Em seus passos lentos
Cruzando a velha estrada
Vi os passos trôpegos
De uma velha doente
Carregando as dores
Carregando as dores
Da lida, cansada
Vi um sorriso sem dentes
De um inocente
De um inocente
Desafiando a tristeza
Na tarde acizentada
Vi palavras vazias e tristes
Escritas na parede suja
Em meios às sujeiras
Em meios às sujeiras
Que não me diziam nada
Eram palavras simples
Clamando um amor que partiu
Na curva de uma estrada
Na curva de uma estrada
Mas eram palavras de amor
Palavras de amor, não mudam o mundo
todavia, são melhores que nada
Vi uma faísca de emoção
Na moça que lia um livro
Na praça desabitada
Vi campos vazios
Vi lixo nos becos
Vi o talo da planta
Uma flor, fora arrancada
Uma flor, fora arrancada
Vi na rua tanta gente com pressa
Gente gastando a vida
Gente confusa,
Gente confusa,
Gente não amada!