MORRE UM POETA

Na cidade sem dono,

Rua de sonhos e dissabores,

Ouve-se um canto distinto:

Seresta para a bela amante.

É ela que dilacera corações.

Poeta, mestre de emoções

Põe-se a declamar seus versos.

A musa ingrata desdenha,

Sonhar, ainda assim ele promete.

Feliz, espera que ela venha,

Coração bate forte, enfraquece.

Em meio à platéia pequena,

Festa não vai ter, esquece.

Ah, pobre poeta sucumbiu,

Como tantos outros e partiu.

É agora alma solitária

Bom anjo a cantar no céu

Amar, foi o seu mal maior...

Acróstico de palavras

A partir da trova:

na rua, ouve seresta,

é poeta, põe-se a sonhar,

feliz, coração em festa,

ah, como é bom amar...

(Carmem Regina Dias)