Claustro moderno
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Da janela onde estou,
a vida lá fora parece tão calma.
Sentado, despreocupado – a caneta estourou –,
Sinto o ar sufocante esbarrar no prédio vizinho.
Isolado no meu mundo familiar;
Aparentemente solto, longe das dificuldades modernas,
Não reparo – quase me escapa –
Um bêbado caindo à porta de um bar.
Moço jovem – talvez em idade de estudo;
Mal cuidado, barbado – espuma pela boca...
Outros o observam;
O silêncio diz tudo.
Fecho a janela.
Entro no quarto.
Ligo o ventilador.
É dia de sol e faz muito calor.
Abro a televisão no afã de assistir a imagens mais doces;
Vou mudando de canais, de cada um pegando closes,
Mas nada de bom aparece:
Violência, assassinatos, terremoto,
Tudo de ruim acontece
Quando, voltado para o visor,
Aciono meu controle remoto.
Desligo a televisão.
Abro um livro.
Viajo em suas histórias de amor...
Ao terminar já é noite.
Abro a janela pra ver a lua, as estrelas,
Mas a noite me apavora.
Tenho receio de uma bala perdida
Vinda do bar onde o bêbado caíra outrora.
Fecho a janela.
Não tenho sono e...
Pela veneziana observo, calado,
O sol vencer a lua
E o romper de uma nova aurora.
Fortaleza-Ce, 22 de setembro de 1999.
16h04min