ESTUÁRIO DAS ESTRELAS
ESTUÁRIO DAS ESTRELAS
Ainda tenho, burilada em minha mente,
A cintilância da sua cútis ebanal.
Muito embora me seja mais vívida
A luz que lhe emana do amálgama do sorriso e do olhar:
Eis que, combinados, me parecem formar
Um outro sol. Este sol que, então, quando estava na minha Presença,
Esgarçava e soçobrava a túnica de breu,
Que cobre a epiderme e as entranhas do meu
Ente vão.
Faria o que estivesse e o que não estivesse ao meu alcance
Para ter e sentir de novo
Cada tecido do manto da liberdade cintando-me o corpo.
Mais, eu quero mais que isso:
Na verdade, eu almejo sobretudo
Poder entrar novamente no jardim das estrelas,
E lá poder procurar por aquela que me fazia alheio ás angústias
Insólitas e corriqueiras.
No entanto, temo que já seja tarde:
Ás vezes penso que, mesmo que nós nos reencontremos,
Ela não mais lance seu sol sobre mim;
Que ela não mais me inste a recebê-lo,
Pois quem saiba ele tenha ficado estafado da longa espera.
Sim, talvez, em razão disso, tenha deliberado iluminar
Outras opacas e mais humildes matérias.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
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