Como eu sou?

O mundo é tão grande...

O Brasil é tão grande...

Minha cidade é tão grande...

Meu bairro é tão grande...

Minha família é tão difícil...

Quem sou eu...

Não vou fazer grande diferença!

Estou preso nas minhas palavras e na minha retórica

Sou um rato de laboratório, sou pior que os vermes na minha derrota histórica

Minha mente está cheia de maus pensamentos, meu nariz é grande e cheio de impurezas

E cresce a cada palavra escrita, porque finjo. Meus pulmões entupidos são estúpidos

E meu coração com veias fétidas exala sangue ralo, fraco... e tristezas

Meus braços longos deformados, cabeludos com chagas não param de rastejar

Estão comidos pelos ratos... Minhas pernas estão inchadas e roxas, flácidas

Com estrias, tortas... não sabem andar. Meus pés têm unhas crescidas pelo tempo,

Sujas do andar, desgastadas do arrastar, verdes pelos fungos azedos.

Em meu tronco, as costelas saltam e a deformação é clara, a magreza é larga

A cicatriz das últimas facadas...

Facadas das minhas próprias palavras

Ou de outro poeta moralista

De discurso forte e seguro

Seguro de seus ideais

Mas coberto de incertezas

Que não assumirá às claras.

Ernesto T
Enviado por Ernesto T em 02/08/2008
Reeditado em 29/08/2019
Código do texto: T1110120
Classificação de conteúdo: seguro
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