ADÁGIO SOLUÇANTE

Nada resta à boca emudecida

E carente do verbo revelador

Gravado em reticências indecifráveis.

Jazem apenas memórias

Enfumaçadas pelo silêncio

De uma aurora que não chegou.

Semeaduras houve

Em sesmarias áridas e ávidas

Pela colheita vivificante

(que não germinou a tempo!)

A onda abissal da dor

Deságua em pântanos de esquecimento

Sangrada pelo gume da paixão.

Ainda assim o sonho se recompõe

Em retalhos difusos

E se faz oásis de vontades dissolutas.

Exilada em alvoradas candentes

Sufoco querenças dissonantes

Que deixam em minha boca

O gosto do irreal

Como a visão onírica de nós dois.

Zel Soares
Enviado por Zel Soares em 26/07/2008
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