ADÁGIO SOLUÇANTE
Nada resta à boca emudecida
E carente do verbo revelador
Gravado em reticências indecifráveis.
Jazem apenas memórias
Enfumaçadas pelo silêncio
De uma aurora que não chegou.
Semeaduras houve
Em sesmarias áridas e ávidas
Pela colheita vivificante
(que não germinou a tempo!)
A onda abissal da dor
Deságua em pântanos de esquecimento
Sangrada pelo gume da paixão.
Ainda assim o sonho se recompõe
Em retalhos difusos
E se faz oásis de vontades dissolutas.
Exilada em alvoradas candentes
Sufoco querenças dissonantes
Que deixam em minha boca
O gosto do irreal
Como a visão onírica de nós dois.