Doce Busca, Meu Poeta
Eu me permaneceria na eternidade,
morta e imóvel,
apenas para te contemplar,
sentir o suave franzir de tua testa.
Tuas palavras temperadas por uma estranha e vívida ironia
amendoada
passeiam por meus desejos mais recônditos.
(ah! por que não descobrí-los?)
Minha súplica, todavia, não te encontra ecos.
Ressoa em vazios.
Ficaria rica em plenitude se te pudesse ter,
perder-me no longo caminho desconhecido
da tua pele,
do teu corpo,
que de tão longe,
faz-me tremer pelo (des)prazer de nunca poder sentí-lo.
Não, não quero ter-me destinado o interdito de não poder,
ao menos,
sonhá-lo!
Ana Perissé