O QUE FAÇO COM ESSE AMOR?
O que faço com esse amor que não mais consigo alcançar, mesmo que me contorça e estique todo o meu corpo em uma tentativa desesperada de tocá-lo, ao menos com as pontas dos dedos?
O que faço com esse amor que não mais estará ali debaixo dos lençóis a me aquecer nas noites gélidas – agora todas serão?
O que faço com esse amor que me entorpece e não me deixa na “tranqüilidade espiritual” daqueles que por ti ainda não foram surrupiados. Seria mais fácil se assim fosse?
O que faço com esse amor que quero arrancar do peito, sem importar com as dores carnais que isso poderia custar?
O que faço com esse amor que quero odiar para poder ser mais fácil cortar todos os laços que estão a me prender?
O que faço com esse amor que só veio pela metade, não teve a forma, não teve o aroma, não teve o sabor ou tão pouco a cor do que a alma espera?
O que faço com esse amor, Amor de faz de conta? Quem dera amor imperfeito, posto que é concreto.
O que faço com esse amor que não precisa existir, que não deixou raízes ou quaisquer marcas cravadas na sua pele, no seu olhar, na sua alma?
O que faço com esse amor que não me faz inteira que me afoga e me ressuscita para poder tão logo imergir em suas profundezas?
O que faço com esse amor que não consigo deixar de perdoar, que não consigo deixar de compreender, não consigo deixar de me doar, mesmo tendo a certeza de que serei apenas amiga?
O que faço com esse amor? Para que perguntar a ti que tão pouco sabe sobre entrega...
Dentro, no silêncio, basta ouvir e a clareza a estas indagações surgirão...
O tempo irá acalmar, pois se ao desconhecer eu seguia, ao conhecer eu vou, eu vivo.