O ópio e ela
O ópio e ela
Dos heróis restaram as drogas
Peito azul, dilacerado, cocho
Das mazelas do amor roxo
No banheiro perco as horas
A droga, vista turva, insanidade
O vento sopra congelante
A boca seca, espumante
Efeito retardante da vaidade
Visões, nevoas, qual o segredo?
Das paixões que vejo sucumbir
Vidros que punhos hão de abrir
Em madrugadas escuras de medo
Pálpebras enterradas no queixo
A alma da claridade incomoda
O olhar à cima do mundo roda
Desolado nos esgotos me deixo
Acordo sem saber onde estou
Pessoas de branco em volta
O sangue à cabeça revolta
As lagrimas, o ópio acabou
Pode ser ela ou pode ser ele
O ópio tem sabor de leveza
Ela reflete a luz da pureza
Ambos me saciam a sede
Igor Ribeiro