NÃO SOU NADA
Se eu fosse pintora derramaria numa tela
as cores de um só doer rubro vermelho.
Pintaria com todas as cores da aquarela
essas cenas que ora vejo nesse espelho.
Se eu fosse escultora, em metal derretido,
esculpiria em silhueta de pura delicadeza
um semblante puro, triste e desvalido
e na lágrima escorrida sua real natureza.
Se eu fosse musicista num acústico parelho
dedilharia em meu violão uma suave capela
e em sábios versos pediria um conselho
pra desmistificar toda e qualquer mazela.
Se eu fosse de fato uma poetisa
eu encontraria aqui o reverso
que minha alma tanto precisa
pra apagar tudo num só verso...
Mas não sou nada. Não sou nada...