Són(h)omundo
Quando, à noite, deito agitada
Penso nas vidas cansadas
E no imundo mundo que teima circular.
Percebi que a Terra eternamente gira:
Voltamos sempre ao mesmo lugar.
Que triste fim é esse o nosso,
Povo de muita luta e pouca sabedoria.
Pugnas de um passado novo
Repetem-se todos os dias.
E pensar isso é tão triste, tão pesado...
Sinto o mundo apertado.
Meu coração não está cicatrizado
Para agüentar mais.
Ele sangra e chora meus findos dias
De tédio e raiva que não saram.
Tão breve é esta vida,
Tão longos são meus braços.
Sei que ando meio emotiva...
Enxergo com os olhos da repartição.
É que eu queria acabar com essa riqueza metida
Que tem pobreza como tradição.
E no meio desse drama-vida
Minha vida-drama cogitou lutar
Tentou juntar forças por todas as vidas
Fazer a vida, com meus (a)braços, “vidorar”.
Só que aí eu fiquei triste, pequenina,
Quando “paz, terra e pão” ousei citar.
Deixaram-me sozinha na esquina
Vendo a vida passar.