(SEM TÍTULO)
Queria ter palavras belas como as dos poetas
para dizer que te amo,
formas perfeitas como as da natureza
para dizer que te amo.
Que ousadia,
eu não alcanço os poetas.
Que prepotência,
tão pouco atinjo Deus.
Se dos poetas,
sementes de palavras belas
há em mim,
sinto-as sepultadas em meu íntimo,
num túmulo profundo e lacrado,
escuro, asfixiante.
Vou em busca deste sepulcro
e percebo que aquilo que sufoca as palavras
em gérmem
não é algo concreto, como a rocha,
tão pouco pesado, como o mármore.
É uma massa de ar denso
que toma conta do espaço e da vida,
pois esta lá não vinga
e o tempo não passa, a luz é difusa,
as cores apagadas.
Simulação de vida,
quase morte,
o que ancora meus atos,
prende meus pensamentos,
apaga meus sonhos e
fica no lugar do nada, mas
ao contrário, é tudo,
é a tua falta.