LINHA DE CORTE

LINHA DE CORTE

Paulo Gondim

16/06/2008

Em meus devaneios, me perco sempre

Viajo por vias tortuosas, longas, infinitas

Deixando um sonho em cada parada

Um desejo ao longo da caminhada

Uma vontade esquecida

Alguns espinhos

Na alma ferida

E aí faço um balanço da vida, um acerto de contas

Alguns ajustes aqui, uns arranjos ali

E pouco sobra, pouco faz sentido

Meu lucro foi todo perdido

Poucos créditos de amor

E do pouco que ficou

Só um débito com a vida

E me vem a cobrança, na figura da idade

Nua, crua, implacável, sem vaidade

Me arresta tudo, do pouco que sobrou

Confisca com esperteza o pouco que sou

E como muita clareza, nada deixou

Até a esperança, também levou

E nessa vil contabilidade, não existe soma

Só se diminui, nada mais se divide

Tudo se encerra nessa linha de corte

Quando tudo definha, pouco se alinha

Ao homem, só resta rezar sua ladainha

Para que se retarde, quem sabe, a morte

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 16/06/2008
Reeditado em 17/06/2008
Código do texto: T1037684
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.