O grito da vidraça – Para uma dama solitária e triste.
Autor: Daniel Fiúza.
12/06/2004
O grito na vidraça ecoou estilhaçado
Quando a pedra do rancor lhe atingiu
No coração o sentimento foi negado
Acumulando a velha dor que lhe feriu.
Uma satisfação sorrindo chicoteia a alma
Abrindo sulcos na carne crua da egressa
Mesmo ferida, sua tristeza não se acalma
No frio egocentrismo no feito é imersa.
O punhal da soberba provoca o prazer
Ovacionado por mórbido sentimento
Seu próprio ego se presta a oferecer,
Um festival ilusório nesse sofrimento.
A vitória revanchista esmaga os estilhaços
Cantando seu legado, sorri na infelicidade
Nos despojos do sofrer partidos em pedaços
Na sombra da altivez produz sua verdade.
Tanta beleza escondida na escuridão
Acumula pra si o amor cruel da avareza
Rejeita o pagamento da vida com perdão
Contaminando sua felicidade com tristeza.
Diante da vidraça estilhaçada ouvi o grito
Ignora o eco aflito, um dia cultivado
Na sua imperiosa religião segue o rito
E mata o sentimento, presente no passado.