SOTURNAMENTE

Queria ser mais, muito mais,

não andar pra trás,

tenho concedido demais,

pé desavisado, coração revirado,

passo esbaforido em piso desmedido;

Tenho andado demais

nas longas avenidas da vida,

parado demais nas portas semi abertas;

Queria ser mais,

mais eu menos poeta

porque a realidade me cega

e a felicidade me nega;

Sou náutico de barcos sem mares,

marolando em onda boêmia

soturnamente entre sóis e luares,

pra não despertar meus ais

nem minhas dores,

no indefinido cais;

Queria ser mais,

mais abusado e atrevido,

mais inocente anjo perdido,

mais ouvido...

Mas no meio desse burburinho

sou página virada

verso não lido...

06/06/08

A.JORGÊ