PALAVRAS PELO AVESSO
Não, não quero palavras bonitas
sussurradas aos meus ouvidos
quero gestos que as façam ditas
longe do silêncio dos sons poluídos
Palavras mudam, têm sinônimos
quase sempre precisam ser ajustados
não quero ler os anônimos
que se escondem por todos os lados
Quero muito além de palavras tortas
sem endereço, sem dono, sem atos
despidas, revestidas, mortas
que contam histórias sem fatos
Palavras, palavras, que nada faz
sem ação, sem emoção, sem avesso
amontoados de nada que não satisfaz
isto eu não preciso, eu não mereço
Célia Jardim