Folhas Dispersas
Não vi o tempo passando por mim,
não vi que era miragem,
as imagens que via,
não senti quando tudo se passava,
o quanto que sofria,
e me perdi vibrando,
enquanto te perdia.
Possessiva, sonhei demais,
e criei-te em minhas fantasias,
como criança, moldei-te a meu gosto,
e dentro daquele egoismo louco,
ia-me para o abismo pouco a pouco.
Por um capricho cego, bobo,
não nego, acabei-me no fundo,
ferida por meus próprios gestos.
E assim, por passos errantes,
perdi algo belo, sublime...
Agora choro,
por ter feito dos meus carinhos,
gestos perdidos,
como folhas secas, mortas,
tocadas pelo vento
ao cair da tarde.
Sinto apenas, dentro de mim,
imenso vazio,
e desejo de reencontrar-me,
com meu eu inocente,
humilde e carente.
E quem sabe um dia,
terei meus carinhos,
não como folhas secas,
e sim, como pétalas de rosa,
na brisa da primavera.
Célia Matos