Quando virá o eterno repouso?
Sinto o cansaço consumindo meu corpo, meu espírito, a minha vontade.
Sinto a tristeza percorrer por minhas veias como heroína...
Como num eterno efeito de LSD.
Não consigo mais me sentir a vontade com ninguém.
Fora a mágoa... Meu coração está oco.
Cada dia que, infelizmente, acordar torna-se mais pesado e difícil de suportar.
Minha coluna dói.
Minhas juntas queimam.
Meus joelhos sagram.
Estou esvainescendo.
Sei que Deus me amaldiçoou...
Que assassinou minha filha...
Que me açoita sem cessar até que não reste mais nada de minha pessoa.
Sei que não há e nem haverá nada de bom para mim em minha tola existência.
Sou mínimo... Brando... Descartável.
Sou um prisioneiro e não existe perdão algum para os miseráveis...
Apesar de jamais eu ter pedido nada superficial ou importante.
Nunca pedi dinheiro, nem fama.
Não espero nenhum amor, nem aguardo ser pai nessa vida.
Aceitei a solidão, a dor e os fracassos que o destino, somente, me reservou.
Apenas aguardo ir para casa...
Nada mais.
Quero poder fechar meus olhos e não mais ter que abri-los.
Não importa que seja o Céu ou uma viajem rumo ao nada...
No inferno já estou.
Eu possuo carne... E um maldita mente que só carrega decepções e desprezo.
Que meu eterno repouso venha adentrando na noite.
Chega de dolorosa mortalidade.
Chega de estar preso à carne e a esse mundo que me apedreja.
Eu sinto...
Sinto o cansaço consumindo meu corpo, meu espírito, a minha vontade.
Onde está essa tal misericórdia de Deus que tanto falam afinal?
Se alguém puder... Me mate!
Me faça descansar e fechar meus olhos...
Para sempre.