Aceito sua partida
Aceito as idas,
Todas as idas
Aceito as despedidas
A vida é movimento —
E assim, tudo uma hora se vai
Em mais ou em menos tempo, tudo se vai.
Aceito toda partida
Mesmo as que doem.
Mesmo as que arrancam da pele, à faca fria,
o nome de quem a gente ama.
Porque a dor passa
Mas a dignidade… essa fica.
Todo encontro tem um porquê.
Pessoas virão, sempre servindo a um propósito.
Quando o propósito se cumpre,
É natural que as pessoas partam
E eu fico, eu sou a única que fico
Com a paz de quem não reteve
o que precisava e deveria se ir.
Não insisto.
Nunca insisti.
Talvez porque eu acredite
Que não devo prender o que não é meu.
Talvez porque eu saiba
que forçar permanência
é bagunçar a ordem e o equilíbrio divido.
É desalinhar a ordem cósmica do universo e sua energia circulante.
É criar tumulto desnecessário à alma.
Aceito o movimento de ida e vinda das coisas,
ainda que com pesar.
O que tiver que ir, deixo ir.
O que for pra voltar, voltará!
O que for pra ficar, ficará!
E o que for verdadeiramente meu…
permanecerá!
Eu acredito que o esforço pela permanência
vem de quem quer verdadeiramente quer ficar.
Vem do lado B, vem do lado A.
E esse papel — esse gesto de conquista —
não é meu, é do universo que por nós conspira
Até lá,
eu aceito sua partida,
Até a tristeza passar.
E tudo voltar ao seu devido lugar.
Muito comovida
Aceito sua partida
Como ordem cósmica da vida
E meu respeito à ordem energética do universo
Coisas novas e bonitas a mim retornará