A Rainha e a Serpente
Nunca confie em uma Serpente.
Ela dizia que me amava,
Depois tentou me seduzir.
Seus olhos de cobra invadiam minha alma,
Entrelaçando mentiras.
Talvez ela nunca se sentisse bem comigo.
É assim que o mundo funciona.
Agora, ela só sabe agir assim.
Senti o arrastar de suas intenções,
Pele pálida, magra.
Se querias devorar-me viva,
Faz sem avisar.
Mas quem ganhou a fama de vagabunda foi ela.
Dizem que sou falsa,
Mas sigo valendo no mercado.
Dizem que sou estranha,
Mas sou a estranha que amam.
Meu veneno foi certeiro,
Poderia ter sido pior,
Mas preferi estar acima disso.
Nunca confie em uma Serpente.
Ela queria usar auréola,
Mas esqueceu que já dormi em muitos ninhos.
O bote maior foi o meu.
É assim que o mundo gira.
Se querias me afastar das carniças,
Devo agradecer.
Coroa tua insegurança,
Mas lembra-te:
A majestade sou eu.
Dizem que sou falsa,
Mas no teu bolso achei uma nota falsa.
Dizem que sou estranha,
Mas tu és tão comum.
Meu troco foi dado no final.
Eu me sinto tão bem.
Tentaste me prender na guilhotina,
Mas saí vitoriosa.
Os recibos e pragas ficaram contigo.
Eu rugirei ao teu lado,
Rindo da tua coroa de latão.
Ela disse que fiz algo ruim,
Mas eu durmo tranquila.
Ela disse que morri,
Mas continuo a assombrá-la.
Toma os recibos,
Vossa alteza.