Conto em versos (O desconfiado)

Em um lar onde o amor reinava,

um homem, de coração aflito,

sentia que a esposa o enganava,

sentindo em si grande conflito.

Os olhos dela, em certos momentos,

eram nuvens que ocultavam o sol,

e os sorrisos em novos sentimentos,

pareciam dançar em um arrebol.

Certa noite, a dúvida o tomou,

decidiu então, segui-la ao luar,

escondido nas sombras ele ficou,

e viu a esposa se deixar levar.

Com um homem bonito, jovem e audaz,

ela se entregou em longo abraço,

o coração do marido em meio à paz,

desabou, sentindo-se ele um bagaço.

Quando ela voltou, ele a esperava,

o olhar ardente, a voz em fúria,

“Traidora!”, bradou, enquanto ela falava,

e a casa virou um palco de penúria.

Acusações voaram como flechas cortantes,

e a vizinhança começou a se aglomerar,

os gritos ecoavam em tons vibrantes,

o homem em chamas não parava de gritar.

Mas, logo à porta, o jovem se apresentou,

com um sorriso que apagava o temor,

“Sou irmão dela, aquele que se afastou,

mais de vinte anos, sem saber de seu amor.”

O marido, atônito, não entendia nada,

a vergonha o envolveu como um véu,

a esposa, com lágrimas, a história contada,

derrubou o peso que pesava no céu.

O homem galante, era apenas um irmão,

sorrindo, enquanto a tensão se desfazia,

o esposo, com vergonha, em confusão,

não sabia onde a sua cara metia.

E assim, a noite se transformou em paz,

com conversas e memórias a ressoar,

o amor, que antes parecia fugaz,

renovou-se, como o sol a brilhar.

O desconfiado, agora em reflexão,

aprendeu que, às vezes, tudo é ilusão,

e que o amor verdadeiro em sua missão,

supera os medos e traz renovação.