VINTE ANOS DE APARÊNCIA

Vinte anos se passaram,

tantos sonhos se esvaíram.

O amor, outrora vivo,

agora em cinzas dorme, esquivo.

Dois corpos sob o mesmo teto,

dividem o silêncio, o mesmo leito.

Olhares que não se cruzam mais,

são só reflexos de antigos ais.

A casa ainda cheira a café,

mas o sabor já não é o mesmo, não é?

As fotos na parede sorriem,

mas o tempo as desbotou, ninguém viu.

Fingem para os outros, para si,

um casamento que já não existe ali.

As palavras murcham, secas no ar,

não há mais o que dizer, nem onde buscar.

A rotina os mantém presos,

como velhos laços já desfeitos.

Eles seguem, sem saber por quê,

talvez por medo de ficar só, talvez por fé.

Mas o que é pior:

partir ou ficar?

Romper o nó

ou apenas esperar?

Vivem de aparências,

de um falso brilho,

enquanto o coração chora,

quieto, no exílio.

Vinte anos de histórias, de risos e dor,

agora são só sombras de um amor.

E assim seguem, sem se libertar,

dois estranhos que um dia souberam amar.

Igor da Silva Chaves
Enviado por Igor da Silva Chaves em 07/02/2025
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