#CXXXIV - Babygirl
Minha Forma de Estar Só
Eu amo cada detalhe seu, pequena.
Seus dedinhos miúdos, seu cabelo ondulado,
o cheiro da sua roupa, o cheiro das suas coisas...
Eu amo tanto que escrevo chorando,
porque a vida ensina que nem tudo é como queremos,
nem tudo é como sonhamos.
E como as cartas de amor que te escrevi—
eram ridículas.
Tudo o que escrevo aqui é para mim mesmo,
é meu jeito de me consolar.
O desconhecido assusta.
O vazio gera preconceitos.
Tenho medo de não seguir bem,
de não ter mais o seu bom dia,
de não ouvir nossas risadas.
Tenho medo da falta dos nossos fungos,
dos pequenos absurdos que viravam gargalhada.
Não sei se você lembra.
Não sei se um dia vai ler isso.
Mas escrevo.
Porque escrever é o que me resta.
Não escrevo para frases bonitas,
não escrevo para ninguém além de mim.
O poeta não escolhe ser,
não recebe isso como dádiva.
É só a minha forma de estar só.
E agora, é minha forma de seguir só.