Arredio

O canto da cotovia

Tão perto da janela,

Anuncia a noite fria,

Sob a lua amarela,

Quando o vento assovia

Na esperança derradeira,

E o olhar se perde na hora tardia,

Na contumaz espreguiçadeira...

Tropeçamos em passos sem equilíbrio,

Depois de alguns copos na Piedade,

Ébrios talvez na perda do próprio brio,

Quando outrém nos tira a dignidade,

Assim nasce o espectro sombrio,

Que expressa sua infelicidade,

Em um comportamento arredio,

Sinal de blindagem contra a maldade...

As badaladas da meia noite se fazem ouvir,

Apresse os passos ou viraremos abóboras,

Não há contos de fadas a seguir,

No final somos sempre bobocas,

Desacreditando em um porvir,

Pois só nos lançam tristes bocas,

Tornando hediondo o subsistir,

Na tortura das ações loucas...