Tempo Bomba

Tempo,

Ponteiros no relógio,

O analógico da vida,

De histórias passadas,

De algo que retorna,

Quando menos se espera,

Mesmo se o copo está vazio,

Se há um deserto de água à frente,

Ou uma aridez de sentimentos,

Talvez, nem mesmo o copo exista,

Seja uma ilusão de ótica,

Um conceito filosófico,

Do ser, do aparente, do físico,

Na ambiência do que é imanente,

Perecível aos olhos do tempo,

Tempo,

Essa gôndola que percorre o rio,

Das dores e solidões azuis,

Pintadas na paisagem infinita,

Que desenha um sorriso imaginário,

No cansaço dos dias apagados,

Na descrença de pessoas vazias,

Tempo,

Tarde demais para desculpas,

Tudo que foi embora,

Tudo que terminou,

É poeira ao vento,

Tic tac, tic tac,

Uma bomba-relógio,

Esperando para explodir,

Sensações represadas,

Libertação para uma alma fechada,

Ensimesmada em um labirinto,

Talvez do Fauno,

Ou do Minotauro,

Tão tarde para perdoar,

Ouvir as badaladas da meia noite,

Que exploda sem dó,

Na distância da fria fortaleza...