O Peso dos Versos
Sozinho, caminho pela estrada vazia,
carregando o peso da minha poesia.
O amor, tão distante, é como um cais,
sempre à vista, mas nunca mais.
Escrever deveria ser libertação,
mas é luta, é queda, é contradição.
Cada verso que nasce, nasce ferido,
um reflexo cruel do que é perdido.
Minhas mãos tremem ao tocar o papel,
como quem busca o céu, mas sente o fel.
A tinta escorre como lágrimas frias,
criando mundos feitos de agonias.
O vazio me cerca, me olha de perto,
é meu companheiro, meu único certo.
Nas noites sem fim, ele me invade,
e molda em palavras minha saudade.
Sonho com toques, com olhares gentis,
mas encontro apenas silêncios hostis.
Invento amores, porque não os tenho,
e nos versos, me perco no que desenho.
Por que escrevo, se dói tanto assim?
Por que busco sentido no que não tem fim?
Talvez porque o poema, mesmo sofrido,
é o único abrigo do meu coração partido.
E assim sigo, entre dor e poesia,
tentando dar vida à melancolia.
Pois mesmo sozinho, ainda sou capaz
de transformar o vazio em algo que traz paz.