O Peso dos Versos

Sozinho, caminho pela estrada vazia,

carregando o peso da minha poesia.

O amor, tão distante, é como um cais,

sempre à vista, mas nunca mais.

Escrever deveria ser libertação,

mas é luta, é queda, é contradição.

Cada verso que nasce, nasce ferido,

um reflexo cruel do que é perdido.

Minhas mãos tremem ao tocar o papel,

como quem busca o céu, mas sente o fel.

A tinta escorre como lágrimas frias,

criando mundos feitos de agonias.

O vazio me cerca, me olha de perto,

é meu companheiro, meu único certo.

Nas noites sem fim, ele me invade,

e molda em palavras minha saudade.

Sonho com toques, com olhares gentis,

mas encontro apenas silêncios hostis.

Invento amores, porque não os tenho,

e nos versos, me perco no que desenho.

Por que escrevo, se dói tanto assim?

Por que busco sentido no que não tem fim?

Talvez porque o poema, mesmo sofrido,

é o único abrigo do meu coração partido.

E assim sigo, entre dor e poesia,

tentando dar vida à melancolia.

Pois mesmo sozinho, ainda sou capaz

de transformar o vazio em algo que traz paz.

Samel
Enviado por Samel em 02/12/2024
Código do texto: T8210044
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