Solitude Poética
Sozinho caminho na estrada da vida,
em busca de um amor que nunca se aninha.
O peito vazio, o coração calado,
só o silêncio me faz acompanhado.
As palavras que outrora dançavam tão leves,
hoje pesam, como se fossem breves.
Cada verso é luta, cada rima, um sofrer,
como se o poema não quisesse nascer.
Escrevo sobre o amor, mas não o conheço,
imagino toques que nunca mereço.
Invento histórias que não são minhas,
criando afeto nas linhas sozinhas.
A caneta vacila, a mão hesita,
a dor do vazio em cada escrita.
Mas sigo tentando, mesmo sem cura,
pois é no poema que encontro ternura.
Há noites em que as estrelas, tão distantes,
são espelhos frios de sonhos errantes.
E a lua, com seu brilho tão sereno,
me lembra o que falta no meu terreno.
A cada estrofe que em lágrimas moldo,
me vejo despido, sem esconder o que escondo.
O amor é matéria que nunca toquei,
mas nos versos, ao menos, a ilusão criei.
Será que escrevo para aliviar a alma?
Ou para gritar o que a solidão acalma?
É arte ou desespero que me conduz?
Talvez um farol em meio à minha cruz.
Ainda assim, persisto, rimo, insisto,
como se a poesia fosse meu abrigo mais visto.
Pois mesmo só, há fogo que não apaga,
e nas palavras, encontro a última chama que afaga.