Solitude Poética

Sozinho caminho na estrada da vida,

em busca de um amor que nunca se aninha.

O peito vazio, o coração calado,

só o silêncio me faz acompanhado.

As palavras que outrora dançavam tão leves,

hoje pesam, como se fossem breves.

Cada verso é luta, cada rima, um sofrer,

como se o poema não quisesse nascer.

Escrevo sobre o amor, mas não o conheço,

imagino toques que nunca mereço.

Invento histórias que não são minhas,

criando afeto nas linhas sozinhas.

A caneta vacila, a mão hesita,

a dor do vazio em cada escrita.

Mas sigo tentando, mesmo sem cura,

pois é no poema que encontro ternura.

Há noites em que as estrelas, tão distantes,

são espelhos frios de sonhos errantes.

E a lua, com seu brilho tão sereno,

me lembra o que falta no meu terreno.

A cada estrofe que em lágrimas moldo,

me vejo despido, sem esconder o que escondo.

O amor é matéria que nunca toquei,

mas nos versos, ao menos, a ilusão criei.

Será que escrevo para aliviar a alma?

Ou para gritar o que a solidão acalma?

É arte ou desespero que me conduz?

Talvez um farol em meio à minha cruz.

Ainda assim, persisto, rimo, insisto,

como se a poesia fosse meu abrigo mais visto.

Pois mesmo só, há fogo que não apaga,

e nas palavras, encontro a última chama que afaga.

Samel
Enviado por Samel em 02/12/2024
Código do texto: T8210043
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