Tempos de Despedidas
---
Quando ocê partiu,
O céu desabou.
A chuva que por aqui nem se via
Me bate e escorre, no rosto
Mas não é chuva; é dor que do céu pingou.
Sinto no peito o aperto, um frio arrochado,
Como o vento uivante no semiárido.
Vejo a água correr pelas nossas ruas
Levando meu barquinho, frágil, só.
Vai-se embora, misturado à sujeira,
Navegando rumo ao desconhecido.
Quem sabe um dia chega em alto-mar,
Mas rezo que não afunde no rio do esquecimento.
O vejo ir, mas não tento partir,
Entro pra dentro, em casa, me lavar
Porque do corpo a lama sai fácil
Mas no peito, meu coração custa sarar
---