Tão distante

Na distância troco cartas contigo,

Relato as sutilezas do cotidiano,

As indeléveis assincronias humanas,

As sinalizações não fincadas nas estradas,

Causando tantos desencontros,

Tantas almas perdidas sem bússola,

Tantas pessoas sem direção na vida,

Tantas falas e pensamentos desconexos,

Tão distantes, tão distantes,

Procurando por um paradeiro...

Na distância te escrevo crônicas,

Às vezes poesias da realidade crua,

Versos envolvidos em metáforas,

Frases com sentidos dispersos,

Frutos de observações antropológicas,

Dessa experiência torta na existência,

Cambaleando pelo meio fio da rodovia,

Esperando passar o carro do destino,

Tão distante, tão distante,

Buscando uma rota segura...

Na distância brinco com as palavras,

Repertório de meu baú interno,

Das letras das músicas que acolhi,

Dos enredos dos filmes que assisti,

Das encenações em peças teatrais,

Dos livros que li aos montes,

Voando livre em cada página,

Na imaginação de cada história,

Tão distante, tão distante,

Queimando tudo na fogueira...