Vá para casa
Não me olhes, vai embora,
Sou leoa, e tu, embora frio,
Tens um lar que precisa de ti.
Cuidas de tua casa, sem demora.
Tu foste meu farol,
O teu sorriso me guiava,
Mas quando me entreguei,
No fundo, eu já me enganava.
Vens me pedir ligação,
Como fósforo que busca chama,
Mas tua ausência, em vão,
Fere como a lâmina que inflama.
Só me buscas na noite escura,
Quando a solidão te acompanha.
E eu, cega de paixão,
Ainda te dou meu coração.
Não me olhes, vá embora,
Sou leoa, e tu, frio como estás,
Tens de cuidar da tua casa,
Pois é teu dever, agora.
Enquanto eu te dava minha essência,
Tu brincavas com meu coração,
Como se fosse brinquedo em tua mão,
E eu, perdida na inconsciência,
Perguntava: por quê?
Quando falamos de amor,
Fizemos juras em segredo,
Sem pensar em causar dor
Ou nos afogar em medo.
Mexi em tua vaidade?
Agora, queres apagar tudo,
Mas eu procuro um novo amar.
E tu vais me procurar,
Dizer que fui eu que te deixei,
E que nunca me esquecerei.
Não me olhes, vá embora,
Sou leoa, e tu, distante e frio,
Deves cuidar de tua casa,
Que é o teu verdadeiro abrigo.
Eu não consigo te odiar,
Nem deixar de te amar.
Mas meu brilho há de voltar,
Pois minha chama vai queimar.
Não me olhes, vá embora,
Sou leoa, e tu, frio como sempre,
Deves cuidar do teu lar,
Pois eu vou encontrar meu lugar,
Nesse vasto céu a voar.