Era brilhante
Numa tarde de janeiro, eu o vi.
Tinha um sorriso bonito e isso bastava.
Os olhos miúdos também sorriam por trás das lentes
Despertando, sem querer, sentimentos que eu tanto protegi do mundo
E de mim mesma
Porque ainda doía.
Um passado insistente latejava, incomodava
Mas, ao ver aquele sorriso bonito,
Permiti a exceção que mais me assustava:
O amei como meu último ato de desespero.
O amei ao ponto de me esquecer,
Apenas para manter aquela figura na minha mente
Cedi meu coração, o meu corpo,
Até perceber que a aquela exceção o fez selar os lábios repentinamente.
O que mais brilhava nele, apagou-se para mim
E acendeu para outro alguém.