Era brilhante

Numa tarde de janeiro, eu o vi.

Tinha um sorriso bonito e isso bastava.

Os olhos miúdos também sorriam por trás das lentes

Despertando, sem querer, sentimentos que eu tanto protegi do mundo

E de mim mesma

Porque ainda doía.

Um passado insistente latejava, incomodava

Mas, ao ver aquele sorriso bonito,

Permiti a exceção que mais me assustava:

O amei como meu último ato de desespero.

O amei ao ponto de me esquecer,

Apenas para manter aquela figura na minha mente

Cedi meu coração, o meu corpo,

Até perceber que a aquela exceção o fez selar os lábios repentinamente.

O que mais brilhava nele, apagou-se para mim

E acendeu para outro alguém.

Karina Ribeiro
Enviado por Karina Ribeiro em 14/10/2024
Código do texto: T8172901
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